quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Número de famintos ultrapassou 1 bilhão em 2009, diz ONU

Crise dos alimentos e recessão econômica provocaram maior flagelo da fome registrado em quatro décadas

Reuters


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Moradores de rua se alimentam em centro de distribuição mantido por ONG em Calcutá, na Índia

ROMA - A combinação de crise dos alimentos e recessão econômica mundial fez o número de pessoas com fome ultrapassar a marca de 1 bilhão em 2009, informaram nesta quarta-feira, 14, vários organismos da ONU, confirmando uma sombria previsão.

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A Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) disseram que 1,02 bilhões de pessoas - aproximadamente 100 milhões a mais do que no ano passado - sofrem desnutrição em 2009, o número mais elevado em quatro décadas.

"O número crescente de pessoas famintas é intolerável", disse o diretor geral da FAO, Jacques Diouf, na apresentação anual sobre a fome no mundo. "Temos os meios técnicos e econômicos para fazer desaparecer a fome, o que é falta é uma vontade política mais forte para erradicar a fome para sempre", afirmou.

O aumento do número de pessoas famintas não é resultado de más colheitas, mas se deve ao alto preço dos alimentos - particularmente nos países em desenvolvimento -, a salários mais baixos e ao desemprego.

Mesmo antes da recente combinação da crise dos alimentos e recessão, o número de desnutridos tem aumentado de forma sustentável na última década, revertendo os progressos da década de 80 e começo da de 90.

Os países que integram o G-8 prometeram em julho 20 bilhões de dólares em três anos para ajudar as nações pobres a se alimentarem, redirecionando o foco para o desenvolvimento agrícola a longo prazo.

Essa decisão gerou algumas preocupações de que a ajuda de emergência em alimentos poderia reduzir-se como resultado.

O PMA arrecadou 5 bilhões de dólares para alimentar os pobres quando a alta dos preços dos alimentos entre 2006 e 2008 deflagrou conflitos em alguns países. Neste ano, a arrecadação foi de 2,9 bilhões de dólares, e o programa teve que reduzir as porções de alimentos ou reduzir suas operações em lugares como Quênia e Bangladesh.

A FAO e o PMA defendem uma abordagem do problema a partir de ambos enfoques, dizendo que o investimento a longo prazo no desenvolvimento da agricultura não deve levar à diminuição das iniciativas de curto prazo para lutar contra a fome por escassez repentina de alimentos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Estamos vencendo a luta histórica contra a fome e a desnutrição, diz Patrus

Paula Laboissière
Da Agência Brasil
Em Brasília

O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, afirmou hoje (13) que o Brasil está vencendo uma luta histórica contra a fome e a desnutrição. "Estamos avançando muito e devemos colocar isso sem arrogância e sem falsa modéstia, para que possamos pensar nos desafios", disse ele, ao participar do seminário Exigibilidade do Direito Humano à Alimentação Adequada e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que marca a Semana Mundial da Alimentação.

Patrus Ananias lembrou o compromisso assumido pelo país de erradicar a fome até 2050. Segundo ele, o Brasil se aproxima do montante de 20 bilhões de euros por ano investidos em programas sociais. "É uma opção clara, um esforço para colocar as políticas sociais no campo das políticas públicas, superando o clientelismo e o assistencialismo", disse.

De acordo com o ministro, os desafios na segurança alimentar incluem "integrar a lei à realidade" sobretudo quando o assunto são as chamadas "leis sociais" que, para ele, apresentam maior dificuldade para serem publicadas.

Durante o evento, o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Renato Maluf, também cobrou do Congresso Nacional a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que inclui a alimentação entre os direitos sociais.

Maluf afirmou que a medida poderá contribuir para um envolvimento "mais efetivo" de todos os níveis de governo na segurança alimentar. "Tem muita conquista sendo feita, mas vamos comemorar mesmo se o Congresso aprovar rapidinho a PEC que já está entrando em aprovação", acrescentou. O Consea quer a aprovação da PEC até o dia 16 deste mês, data em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação.